Muito se fala sobre os benefícios do colágeno, mas a relação entre a suplementação e a atividade dos fibroblastos (células que produzem colágeno no corpo) vem ganhando cada vez mais atenção na literatura científica.

Estudos recentes apontam que os peptídeos de colágeno hidrolisado podem ter um papel mais ativo do que apenas fornecer matéria-prima para o organismo. Eles parecem, também, estimular os próprios fibroblastos a se multiplicarem e atuarem com mais intensidade nos tecidos.

 

Onde o colágeno pode atuar?

A suplementação com colágeno tem sido associada a benefícios em contextos como:

  • Populações idosas com sarcopenia (perda de massa muscular relacionada à idade)
  • Cicatrização de feridas
  • Processos degenerativos que afetam tendões e ossos

Esses efeitos são estudados principalmente com colágenos de baixo peso molecular. Um exemplo é o estudo de Wang et al. (2011), que testou um peptídeo de 800 KDa combinado a quito-oligossacarídeos, aplicando a mistura em membranas nanofibrilares com fibroblastos da pele humana. Os resultados mostraram potencial antibacteriano e boa biocompatibilidade.

 

Efeitos sobre inflamação e proliferação celular

Outras evidências indicam que o colágeno hidrolisado também pode reduzir marcadores inflamatórios e induzir a proliferação de fibroblastos. Essa hipótese faz sentido biologicamente: o colágeno é produzido pelos fibroblastos e sua presença pode funcionar como estímulo direto para essas células.

Um exemplo relevante é o estudo de Brandao-Rangel et al. (2022), que utilizou diferentes concentrações de peptídeos (2,5 mg/mL, 5 mg/mL e 10 mg/mL) e observou proteção tanto de fibroblastos (CCD-1072Sk) quanto de queratinócitos humanos. Além disso, a exposição ao colágeno induziu uma resposta anti-inflamatória após a introdução de LPS, uma toxina bacteriana amplamente usada em modelos experimentais.

 

Apoio de modelos animais e celulares

Essa linha de evidência também é reforçada por estudos com culturas celulares e modelos animais. Chotphruethipong et al. (2021), por exemplo, testaram colágeno hidrolisado extraído da pele de robalo-asiático (Lates calcarifer), com altos teores de aminoácidos hidrofóbicos e iminoácidos. As amostras não apresentaram citotoxicidade, mesmo em concentrações elevadas (até 1000 µg/mL), e ainda induziram proliferação e migração de fibroblastos da linhagem MRC-5 (pulmão fetal humano) sugerindo efeitos positivos na cicatrização e na defesa antioxidante.

Outro trabalho, conduzido por Offengenden et al. (2018), comparou colágenos hidrolisados obtidos por sete métodos enzimáticos diferentes. Os pesquisadores avaliaram impacto sobre inflamação, estresse oxidativo, síntese de colágeno tipo I e proliferação celular. A conclusão foi clara: os métodos de hidrólise influenciam diretamente o perfil biológico do colágeno obtido.

 

 

O papel dos fibroblastos

 

Os fibroblastos são células mesenquimais conhecidas por sua atuação na produção de colágeno e na reparação de tecidos. Desde que foram descritos por Rudolf Virchow, em 1858, seu papel foi se expandindo. Hoje, são reconhecidos também como reguladores do sistema imune, da remodelação da matriz extracelular e do metabolismo em diferentes tecidos.

Diante de tudo isso, a hipótese de que a suplementação com colágeno hidrolisado pode estimular a proliferação e ativação dos próprios fibroblastos se tornou uma linha relevante de investigação.

 

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Referência científica utilizada 

Inacio, P.A.Q. et al. (2024). Effects of Hydrolyzed Collagen as a Dietary Supplement on Fibroblast Activation: A Systematic Review. Nutrients, 16(11), 1543. https://doi.org/10.3390/nu16111543